No mesmo dia em que foi anunciado o abandono definitivo do TGV, Álvaro prometeu uma ligação ferroviária entre Sines e Badajoz em bitola europeia, a fim de "facilitar as exportações portuguesas para a Europa". Não se sabe se a alta, média ou muito lenta velocidade - essa já existe, por Vilar Formoso, mas isso é um pormenor. Sabe-se é que a linha terminará certamente em Badajoz, dado que Espanha não acompanhou o anúncio do ministro e os seus comboios vão continuar a circular sobre linhas com bitola ibérica. Haverá um portal espaço-tempo no fim da lina Sines-Badajoz, com saída directa em Hendaya, já com bitola europeia? Ou recorrerá Álvaro a algum iogi indiano capaz de conseguir fazer levitar os comboios vindos de Portugal sobre terras de nuestros hermanos? Conhecendo o Álvaro, sabemos que tudo é possível. Aguardemos.
Passei os olhos por este post - simplesmente cretino, querer pôr-se em bicos de pés no dia em que se lembra um homem que deu mais ao país e ao mundo do que mil Euricos dariam em mil anos, mas enfim - e lembrei-me de um texto que o crítico escrevera há uns anos sobre o filme Os Amantes Regulares, de Philipp Garrel. Congratulo-o a ele e ao mundo em geral por agora poder publicar num blogue as baboseiras com ideologia na ponta das unhas que em tempos transpiravam por entre textos sobre cinema escritos com os dois pés esquerdos; e ambos com gota. Não sei contudo se, por agora poder expressar livremente o seu arrazoado ideológico de direita, perorando sobre os "princípios perigosamente lunáticos da esquerda mais radical" no falhado blogue do passismo, terá deixado de o fazer nos textos de crítica cinematográfica que, julgo eu, ainda escreve para o Diário de Notícias. Também não me interessa. Confirmo que nada mudou, e agora pode Eurico regressar ao medíocre anonimato de onde assomou por momentos. Bom timing: no fim de contas, a efeméride do dia de ontem apenas acontece uma vez na vida. Zeca Afonso, no entanto, é eterno.
«Nós tivemos com os chineses uma relação milenária [SIC], através de Macau.» - Manuela Ferreira Leite.
Alguém que precisa de explicadores do seu discurso, pouco ou nada percebe de história e mal sabe falar é pago precisamente para falar num programa televisivo. Uma das luminárias que nos assombram. Será que era também a ela que o Coelho se referia quando falava das "tradições antigas" que têm de desaparecer?
Já foi mais do que desmontada a ideia de que acabar com feriados contribui para resolver algum problema da nossa economia. Em muitos casos, é o seu contrário: pense-se por exemplo nos ataques às economias locais que esta medida tem. A verdade é que para o extremismo liberal isso não é o essencial. O essencial é a performance de quem ofende porque pode estar na ofensiva. De quem pune porque visa instituir uma agenda neoconservadora. De quem procura rasurar a alegria, a festa e a criatividade comunitária porque o extremismo liberal é também um ataque à diversidade da vida social. Em 1993, quando Cavaco decidiu suprimir a tradicional tolerância de ponto, o gesto acabou por lhe sair caro. Os tempos são outros, mas não é crível que Pedrito permaneça intocado. Torres Vedras já deu o mote e prepara uma manifestação. O Presidente do Carnavel de Ovar atinge o primeiro ministro com uma suprema desconsideração. Os sindicatos prometem "uma resposta adequada". Ou muito me engano ou este entrudo vai ter pouco de quarta-feira de cinzas.
"A rede conspirativa que se vai instalando na terra tem claramente origem em formações comunistas proclamadamente ateias. Basta olhar-se para o esquema organizativo que vai chegando ao conhecimento público para nele se reconhecer a mãozinha sinuosa dos jacobinos e dos maoistas de terceira geração. O que está em jogo tem sempre dois pés para andar: um deles, vai sendo gradualmente desvirtuado, o da utopia do Indivíduo; o outro, avança e calça a botifarra nazi.
A história do Manifesto Comunista poderia, em princípio, parecer um conto de fadas. Mas os quadros dos anúncios que aí se promovem são bem reais. A democracia e as liberdades foram um sonho mal escrito e mal entendido pelos homens. As maiorias enganaram-se nas encruzilhadas dos caminhos. E a própria cúpula soviética surgiu com uma inesperada novidade: agora, as hierarquias querem destruir as estruturas da sua própria sociedade para depois realizarem o sonho mefistofélico de um socialismo apocalíptico que represente o universo de interesses dum Estado comunista mundial. Tudo poderia ser pura imaginação não fosse o caso do enunciado teórico do Manifesto ser acompanhado por uma listagem de objectivos a curto e médio prazos: um governo mundial oculto que promova uma Nova Ordem mundial; um único sistema económico, financeiro e monetário, de obediência universal; o fim das crises económicas através da ocupação, por um só exército, de todas as fontes mundiais de matérias-primas e energia, mesmo que para isto seja de prever o desencadear de uma III Guerra Mundial; e o estabelecimento de um Pensamento Único cuja chefia seja desempenhado pela Soviete Supremo.
Todos os antecedentes desta Nova Era estão lançados ou funcionam já. Há políticas altamente complexas, como as que intervêm na crise financeira internacional, no terrorismo, nas área do gás e do petróleo, etc., que necessariamente estão a ser já coordenadas por um único governo oculto. As grandes disputas financeiras que convergem nos benefícios da hierarquia do Partido e nas mega fusões, nos triunviratos ou nas guerrilhas entre as diversas facções denunciam a existência actual de gigantescas centrais comunistas articuladas entre si. Em tudo, desde as relações entre as pessoas até ao convívio entre os estados, os ricos serão despojados e os proletários tomarão o lugar deles, invertendo a pirâmide. Embora as lutas de classes subam de tom.
Dá-se como certo que na base deste tenebroso programa final figuram os anti-sionistas, a China e a Coreia do Norte. Nada custa a crer que assim seja: o plano actual da Nova Era tem as marcas do «Apocalipse», das ambições planetárias ilimitadas dos grandes estados ocidentais, das alfurjas das caves de Beijing e da conspiração comunista e das suas tenebrosas ordens secretas, laicas e ateias.
Uma nota informativa complementar: o Manifesto não é profético. Foi redigido de uma só vez, para sempre. É um texto que inclui tópicos de matérias já conhecidas no seu tempo. Depois, vão sendo actualizadas à medida do tempo que passa. E os seus mentores e condutores do processo são os sovietes que repartem ligações entre a China, a Coreia do Norte, o Irão e Cuba .
Voltaremos a este tema. Quem lê os jornais portugueses cada vez mais se enreda na confusão."
Depois de há dias o director do I, António Ribeiro Ferreira, ter escrito um editorial onde afirmava que se deveria "partir a espinha" aos sindicatos, esse veneno que empesta o ar puro do neoliberalismo que respiramos, ontem ainda conseguiu ir mais longe, escrevendo um dos mais cretinos panfletos anti-islâmicos - e, já agora, anti-Obama, destilando ódio em cada sílaba do texto - já publicados na imprensa portuguesa - e deve-se dizer que, ao longo dos anos, a concorrência tem sido grande. Será que o Tea Party já abriu uma delegação em Portugal? Ou será Ribeiro Ferreira um dos trabalhadores a quem o novo dono do jornal, a quando da aquisição, prometia não pagar, sendo a sucessão de textos alimentados pelo ódio difuso uma consequência da nova política laboral?
(Tanto assessor contratado para dar nisto, neste atarantamento. Assim não, sr. Relvas & Co. Lda. Vamos lá, não são as medidas que estão erradas, é "apenas" um problema de comunicação. Dá-lhe com força nesse spinning.)